139 - TJRJ. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. DECISÃO DE PRONÚNCIA DO ACUSADO PELO CRIME DE FEMINICÍDIO QUALIFICADO PELO MOTIVO FÚTIL (art. 121, §2º, S II E VI C/C §2º-A, I, DO CÓDIGO PENAL C/C LEI 11.340/06, art. 5º, III). SEGUNDO NARRA A DENÚNCIA, O RECORRENTE, CONSCIENTE E VOLUNTARIAMENTE, COM DOLO DE MATAR, DESFERIU FACADAS E GOLPES FÍSICOS CONTRA A VÍTIMA, SUA ENTÃO COMPANHEIRA, CAUSANDO-LHE OS FERIMENTOS QUE FORAM A CAUSA EFICAZ E SUFICIENTE PARA SUA MORTE. RECORRENTE QUE PRETENDE A IMPRONÚNCIA, DIANTE DA INEXISTÊNCIA DE CONJUNTO PROBATÓRIO MÍNIMO. SUBSIDIARIAMENTE, PUGNA PELO AFASTAMENTO DAS QUALIFICADORAS DISPOSTAS NA DECISÃO DE PRONÚNCIA. PRETENSÃO DA DEFESA QUE SE NEGA. DECISÃO DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA. HÁ INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA E MATERIALIDADE DO CRIME EM RELAÇÃO AO RECORRENTE, NOTADAMENTE O REGISTRO DE OCORRÊNCIA, AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE, AUTO DE APREENSÃO, LAUDO DE EXAME DE LOCAL DE CONSTATAÇÃO DE MORTE, LAUDO DE EXAME DE NECROPSIA, ESQUEMA DE LESÕES DA VÍTIMA E CÓPIA DA MÍDIA CONTENDO GRAVAÇÃO DE ÁUDIO DE WHATSAPP, ALÉM DOS DEPOIMENTOS PRESTADOS PELO ACUSADO E PELAS TESTEMUNHAS EM SEDE POLICIAL E PELAS TESTEMUNHAS EM JUÍZO. BASTAM INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA E MATERIALIDADE DO CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA PARA QUE SEJA PROFERIDA DECISÃO DE PRONÚNCIA. APLICAÇÃO DO CPP, art. 413. NÃO SE PODE SUBTRAIR DO CONSELHO DE SENTENÇA, JUIZ NATURAL DA CAUSA, O JULGAMENTO DE IMPUTAÇÃO ENVOLVENDO CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA, SE NÃO FOR INCONTESTE E COMPROVADA A TESE DEFENSIVA. INVIÁVEL A EXCLUSÃO DAS QUALIFICADORAS CONSTANTES NO art. 121, §2º, S II E VI, DO CÓDIGO PENAL (MOTIVO FÚTIL E FEMINICÍDIO). O CONJUNTO PROBATÓRIO DOS AUTOS INDICA QUE, EM PRINCÍPIO, O CRIME TERIA SIDO PRATICADO POR MOTIVO FÚTIL, UMA VEZ QUE, SEGUNDO DESCRITO NA DENÚNCIA, NO MOMENTO DO CRIME A VÍTIMA E O DENUNCIADO DISCUTIAM EM RAZÃO DESTE TER DEMORADO A RETORNAR PARA CASA, APÓS SAIR PARA COMPRAR CERVEJA, O QUE FOI RELATADO PELO PRÓPRIO ACUSADO EM SEDE POLICIAL. OS FILHOS DA VÍTIMA, EM SEDE JUDICIAL, APONTARAM QUE A OFENDIDA E O RECORRENTE TINHAM UM RELACIONAMENTO CONTURBADO, COM MUITAS BRIGAS MOTIVADAS POR CIÚMES, SENDO CERTO QUE MAIORES DIGRESSÕES SOBRE INCIDÊNCIA DA QUALIFICADORA DEVEM SER RESERVADAS AO TRIBUNAL DO JÚRI. TAMBÉM RESTOU SUFICIENTEMENTE DEMONSTRADA A PRÁTICA DO HOMICÍDIO POR RAZÕES DA CONDIÇÃO DO SEXO FEMININO, TENDO EM VISTA QUE A VÍTIMA ERA COMPANHEIRA DO DENUNCIADO E TAL CONDIÇÃO FOI EXPRESSAMENTE APONTADA NA INICIAL ACUSATÓRIA. TRATANDO-SE O FEMINICÍDIO DE QUALIFICADORA DE NATUREZA OBJETIVA, BASTA QUE O CRIME TENHA SIDO COMETIDO EM CONTEXTO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR PARA QUE SEJA ATRAÍDA A SUA INCIDÊNCIA. POSICIONAMENTO CONSOLIDADO NO TRIBUNAL DA CIDADANIA NO SENTIDO DE QUE SOMENTE AS QUALIFICADORAS MANIFESTAMENTE INCABÍVEIS PODEM SER RETIRADAS DA ANÁLISE PERANTE O JÚRI POPULAR, NÃO SENDO ESSA A HIPÓTESE DOS AUTOS. PRESENTES OS INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA E MATERIALIDADE APTOS A RESPALDAR A DECISÃO DE PRONÚNCIA, A QUAL DEVE SER MANTIDA, EIS QUE CORRETA E BEM FUNDAMENTADA. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO.
(Dados do acórdão disponível para assinantes ADM Direito - Cadastre-se e adquira seu pacote)